quinta-feira, 28 de abril de 2011

Uma Triste 4ª Maratona de Mountain Bike da Festa do Mar

Ocorreu na cidade de Rio Grande nesse domingo dia 24 de abril a 2ª Volta Ciclística da Festa do Mar, sendo um dos eventos da 13ª Festa do Mar e organizado pela Lumbras Bike. Realizada na Av. Honório Bicalho entre D. Pedro II e Alm. Cerqueira e Souza, após as 9 horas da manhã.

E no período da tarde aconteceu a 4ª Maratona de Mountain Bike da Festa do Mar, também parte da Festa do Mar e organizado pela Lumbras Bike. Partindo da frente do portão de acesso a festa, a corrida marcada para as 14hs atrasou entre outras coisas porque muitos atletas chegaram no horário marcado e tiveram que fazer suas inscrições, a largada acabou sendo dada perto das 15hs.

Dos atletas da equipe deste que vos digita, apenas a participação de Martha nos eventos era confirmada, ela iria de carona com outro ciclista de manhã para a prova de ciclismo e a tarde talvez participasse da 4ª Maratona de MTB ou voltasse pedalando conosco.

Como Rudnei e eu mais uma vez iríamos pedalando até RG, mesmo tendo interesse na prova de ciclismo ele preferiu esperar até o momento da largada para decidir se teria condições físicas de participar.

De minha parte estava sem dinheiro para as inscrições e decidi ir apenas para prestigiar os eventos e acompanhar meus amigos.

Como já está se tornando tradicional às 5hs da madrugada encontrei Rud no centro de Pelotas para seguirmos em direção a RG e também como de costume tivemos que ouvir piadinhas sobre nossas roupas de ciclismo. Rudnei me informou que teve apenas três péssimas horas de sono e que provavelmente não competiria, mas da mesma forma queria ir.

A viagem foi tranqüila, até onde isso é possível em uma BR. Estava uma noite clara que se tornou um dia de céu limpo. O frio agrediu um tanto os dedos, mas fora isso não atrapalhou muito. Chegando a RG demoramos um pouco para encontrar o local da corrida e conhecemos o centro da cidade.

Rudnei chegou à conclusão que o cansaço apesar de não ser o suficiente atrapalhar para pedalar longas distâncias em uma cadencia moderada, não permitiria a ele imprimir o ritmo acelerado e forte necessário em uma corrida de ciclismo e infelizmente tendo ido de speed, também não poderia correr à tarde na maratona de MTB.

Nesse meio tempo Martha me liga e avisa que sua carona não pode ir, pois teve problemas de saúde na família. Ela disse que pretendia pedalar até RG para participar da prova da tarde, obviamente que não lhe deixaríamos fazer isso sozinha, então aproveitamos que ela ainda iria demorar a sair de casa e nos largamos pedalando BR a fora para encontrá-la, o que aconteceu no pedágio localizado a apenas 17 km de Pelotas!

Só chegamos tão rápido até Martha porque Rud me emprestou a speed dele por um bom trecho do percurso, o detalhe é que mesmo usando minha MTB meia boca o desgraçado ainda disparou na minha frente e com marchas sobrando!

Quase botei os pulmões para fora tentando alcançar aquele monstro #@$#&!!!

Chegamos por volta das 14hs no local da largada da maratona e Martha se inscreveu com outras três mulheres para os 60 km que a categoria Feminina e algumas outras iriam percorrer, enquanto outras categorias fechariam 84 km, sendo que a diferença era que o segundo grupo entraria e faria a volta na Ilha dos Marinheiros.

Gostaria de salientar que mesmo depois de pedalar até RG, mal alimentada e com um pouco de enxaqueca, Martha ainda assim decidiu participar. Comeu uma barra de cereais, bebeu uma lata de refrigerante zero, tomou um comprimido para a dor de cabeça e se foi estrada a fora!

Rud se ofereceu para me emprestar dinheiro para a inscrição, mas não aceitei porque depois de já ter pedalado 170 km naquele dia sabia que não ia ter um bom resultado. Não me entendam mal, meus resultados em competições ainda não foram grande coisa, mas pelo menos pago para passar vergonha com o meu dinheiro, não me sentiria bem pegando emprestado para isso.

Sim, sei que foi bobagem minha não aceitar o empréstimo oferecido de bom grado, mas sou meio neurótico e foi assim que aconteceu.

O título desse artigo vem do fato que ocorrem alguns incidentes ruins durante a maratona. Além dos tradicionais e inevitáveis defeitos em bicicletas; dois corredores engavetaram, caíram e se machucaram um pouco; alguns atletas tiveram dificuldade para achar o caminho correto em alguns pontos; e uma das corredoras foi assediada verbalmente por marginais em um trecho da colônia aonde vinha pedalando sozinha e ficou assustada.

Mas o pior aconteceu com nossa querida Martha, a ciclista mais amada de Pelotas.

Ela vinha liderando a categoria Feminina com uma ampla vantagem e muita tranqüilidade, quando em um cruzamento na colônia um carro parou e sinalizou para ela passar, um segundo carro, um corcel azul, também foi parando para dar passagem, mas enquanto ela atravessava esse segundo veiculo arrancou, lhe atropelou e fugiu! Considerando o comportamento do criminoso acredita-se que ele estava bêbado.

Ela voou sobre o carro e caiu no chão, a bicicleta também foi jogada longe, moradores locais se aproximaram para ver se ela estava bem, mas felizmente ninguém moveu à coitada, pois isso poderia piorar a situação. Ela também lembrou que nessas horas é melhor não se mover muito antes de receber atendimento médico.

Uma ambulância foi chamada e depois de certa demora Martha levada ao pronto-socorro, onde foi bem atendida, tenho que aqui declarar que a situação da saúde em RG é melhor que em Pelotas, o pronto-socorro aqui é uma vergonha e o de lá muito bom em comparação.

Martha teve alguns pequenos arranhões e contusões, até ai nada que qualquer ciclista digno do nome como ela já não esteja habituado, entretanto ela também quebrou a perna. Sua tíbia esquerda teve uma rachadura e uma fratura transversal entre o meio do osso e o tornozelo, porém felizmente não foi preciso operar ou mesmo reduzir a fratura.

Naturalmente tendo sido atendida em outra cidade ela foi mais tarde consultar um médico local para fazer o acompanhamento e também novos exames para ter certeza que na medida do possível tudo estava bem.

Sua perna recebeu uma tala do pé até acima do joelho e foi enfaixada, ela certamente terá uma recuperação completa, mas infelizmente ficara quatro meses engessada e só poderá pedalar novamente no próximo semestre.

Perguntamos a uma das mulheres que cruzou à linha de chegada sobre a Martha e fomos informados do acidente, então pegamos informações com agentes de transito e corremos para o PS em busca de nossa amiga.

Como eu comentei acima ela foi bem tratada no hospital, mas obviamente estava bastante nervosa e triste, não só preocupada com a própria saúde, mas também tanto ou mais com os treinos e a bicicleta! Isso mostra o quanto ela ama o ciclismo, muitas pessoas praticam um esporte e gostam dele, mas poucas amam do fundo do coração o que praticam e Martha é uma delas.

Eu e Rud íamos ficar revezando quem ficava ao lado dela no hospital uma vez que podia entrar só um acompanhante por vez, entrei primeiro e depois enquanto Rud estava lá dentro chegaram outros ciclistas de Pelotas para saber dela, dois deles acompanhados de suas esposas e filhos. Agradecemos muito a todos, em particular a uma dessas esposas, a Bia, que entrou e cuidou dela com muito carinho.

Inclusive peço desculpas sinceramente a todos, pois sou péssimo para nomes e com toda a confusão não consegui memorizar o nome da maioria.

Voltei de carona com uma dessas famílias para Pelotas um pouco mais cedo que Martha e Rud, para ajudar a buscar a bicicleta dela que havia sido deixada em uma casa próxima ao local do acidente e guardá-la para depois levar ao conserto. Rud veio com a família da Bia e Martha com o pai dela.

Enquanto Martha não chegava, Rud e eu nos encontramos em frente ao seu prédio, mas ela nos ligou e avisou que ia demorar um pouco e era melhor passarmos em nossas casas primeiro e depois voltarmos, então foi o que fizemos.

Claro que em poucos dias a guria estará zanzando por ai de muletas, fazendo tudo com facilidade e sendo obrigada a ficar quieta para descansar, mas esse começo até a pessoa se acostumar com o gesso é mais complicado.

Termino esse artigo pedindo que todos enviem boas vibrações para ela e desejando que as autoridades competentes, sejam elas humanas ou divinas, retirem esse motorista perigoso das estradas.

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